É frequente ver pessoas que me são próximas a meditar. Às vezes passo pela minha irmã e lá está ela, sentadinha a olhar para o infinito com um sorriso patético ( e tranquilo) no corpo todo. Quando termina não anda, desliza!
Como seria de esperar, das primeiras vezes que vi aquilo, pensei: “ também quero! Deve ser boommm….”
- “ Óh mana…”
- “ Diz, linda.”
- “ Como é que se medita?”
- “ Então… “ – Começou ela a explicar com aquele jeito engraçado e aéreo – “ … páras o pensamento e ligas-te à tua essência e à essência do Universo…” (desculpa lá maninha, talvez não tenha sido bem isto, mas é assim que o recordo).
Assim que tive oportunidade, instalei-me muito bem instalada, com média luz, velas e incenso, a ouvir o cd Kryon… e comecei a tratar de desligar o pensamento, com a certeza absoluta de que, daí a minutos estaria, das duas uma: ou a levitar ou a atingir o nirvana (desculpem lá ainda não ter descoberto se as duas coisas se implicam ou apenas se complicam!)
Passou um minuto, dois… três… e nada! Quanto mais determinada eu estava em desligar o pensamento, mas o sacana do gajo me perseguia como um predador esfomeado persegue a sua frágil presa! Antes que me pudesse dar conta comecei a blasfemar, profundamente irritada. Como é que eu, a quem tudo sai com airosa facilidade, não estava a conseguir fazer algo aparentemente tão simples como parar o pensamento????
Chamei a minha irmã, esse meu farol de sabedoria, e queixei-me no tom mimado que habitualmente uso com ela (porque ela me cobre de mimos desde sempre): “Maaaaanaaaaaa!”
- “ Diz, querida…” – Aos meus olhos ela continuava a deslizar, o que me deixou ainda mais irritada!
- “ Não consigo parar o pensamento….” – Quase aposto que fiz um acentuado beicinho….
- “ Sabes, princesa… Há coisas que, quanto mais forçamos, menos acontecem…. Senta-te apenas a ter pensamentos bons, então. Foca a tua atenção, não em afastar o pensamento, mas a fazê-lo cobrir-te de sentimentos maravilhosos, de sensações boas…”
- “ Hum…” – Respondi. Continuava amuada por não conseguir algo tão fácil. Mas nesse momento lembrei-me: “ Espera aí, mas eu já meditei… de todas as vezes que a felicidade me invade sem motivo aparente e me sinto como se toda a plenitude do mundo morasse no meu peito… Eu já meditei a ouvir músicas lindas ao volante, a ver sorrir os meus filhos, a pôr um sorriso no rosto dos outros… Eu já meditei tanto! E foi sempre a sentir… só a sentir… Sem fazer força para expulsar pensamentos ou o que quer que fosse…”
- “ Mana… “ – Disse-lhe eu – “… Eu não medito sentada….”
- “ Pois não, meu amor… tu meditas em ação….”
Termino esta crónica a meditar… a aproximar-me um pouco mais do pleno, com este amor absoluto que tenho por ti, irmã da minha alma!!!
Ana Dias
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