(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

5.11.12

Work your magic!



  Eu já desconfiava!  Já tinha fortes suspeitas que também pensava em forma escrita durante o enlevo do sono. Hoje ficou provado. As ideias, divagações e seus desenvolvimentos, também fervilham enquanto me encontro aninhada nos fortes braços de Morfeu.
   E então acordei. Ouvia ainda a voz do Gonçalo a repetir algo que me disse este Verão enquanto esperava que eu fizesse mais umas quantas caipirinhas para ele levar para as mesas:  - Vai, Ana,  work your magic! –
   Sei que “trabalho a minha magia” quando faço caipirinhas… e quando sorrio, e quando converso, e quando me entrego e viajo e penso e escrevo. Trabalho a minha magia como a trabalha toda a gende que está empolgada e  sintonizada naquilo que está a fazer. Mas porque raios  é que a magia não cobre a chegada do mail de uma editora capaz  a dizer que quer publicar as minhas obras em edições de alguns milhares em vez de apenas quinhentos livros? Porque raios é que as pessoas certas não me lêem sequer uma obra?  Viverei no sítio errado? Na altura errada? Não tenho os conhecimentos certos? Ou a magia não engloba tais campos?
   Continuo a acordar para mais um dia. Ponho música a tocar. Levanto-me. E enquanto me preparo e vou gerindo a correria matinal, acabo por perceber que para um escritor tudo o que pode importar é conseguir trabalhar a magia de continuar a escrever, emocionado e feliz. Work my  magic a fazer caipirinhas pode demorar breves instantes, mas a conseguir outras coisas… bem,  aí, acordada ou a dormir,  pode levar anos mas talvez acabe por produzir os seus efeitos.  
Ana Amorim Dias