(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

O Cisne

Ainda miúda, nos primeiros anos de escola, apercebi-me com espanto que as pessoas são diferentes. Possuem bens diferentes, raízes diferentes, valores e capacidades diferentes… Constatei, alarmada,  que o que para mim era fácil, para outros podia ser difícil; que nem todos os cisnes que a turma fez para o dia da mãe, eram tão perfeitos e belos como o meu…. Sim, foi exactamente nesse dia que  comecei a ver diferenças e foi nesse dia, também, que me germinou a semente da humildade… Não me atreveria a dizer que a trago sempre em mim porque o orgulho e o ego, esses sedutores companheiros, iludem tantas vezes o maior discernimento…
Ao longo da vida preferi sempre ver-me à luz dos meus próprios olhos e não no reflexo do que os outros em mim vêem: não me vejo, como muitos, como alguém com conquistas e provas dadas; com a vida de sonho e a casa de sonho; com a família perfeita e a função de chefia. Não! Nada disso! Sou apenas a miúda (já mulher, é certo, mas sempre miúda) que teve um pouco de sorte e usou um pouco de engenho; sou apenas a miúda que o destino bafejou com alguns dons (talvez, não sei bem…) e com o feliz fado de tudo lhe sair de forma tão simples quanto natural… ; sou apenas a miúda que acredita ( acredita e sabe) que o impossível apenas demora um pouco mais e que enfrenta perigos, feliz,  na inocência de os desconhecer… talvez por me ver assim tenha um pouco de humildade… (não sei…)
    Fico sempre espantada com a forma como os outros me vêem porque quando me olho e me sinto, eu sou apenas eu… a miúda cujo cisne (vá-se lá saber porquê) saiu perfeito…
Ana Dias

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