(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

O misterioso fio...

Chegou hoje ao meu poder o diário do meu bisavô, José Albino Dias, correspondente do Diário de Notícias (entre muitas outras coisas…) : Deixo-vos uma transcrição do dia 3 de Março de 1915…

“ … A nossa Micas faleceu hoje às 23 horas e 55 minutos. Teve uma morte sossegada e de Santa! Uma hora antes pediu-me para a acariciar, dizendo que se sentia muito bem. É grande o nosso desconsolo pela perda da nossa querida e nunca esquecida filha! A mãe, com uma coragem sem limites, lavou-a e vestiu-a, lembrando a chorar o passado e a vida das duas. Que Deus nos dê coragem e resignação!...”

Há alguns anos, quando o meu pai me mostrou este tesouro, de que me tornei agora guardiã, abri-o ao calhas e deparei-me com esta exacta página ( escrita nesse triste dia de há quase um século, em que Maria d’Aires Dias, minha tia avó, faleceu, aos 19 anos de idade) lembro-me da comoção que senti e do choro sentido que me acompanhou ao longo dos dias seguintes…

Hoje chorei de novo, ao reler a narração dos factos e, enquanto limpava a alma com lágrimas, perguntei-me que estranha ligação será esta, capaz de unir seres para lá do tempo e do espaço… Que misterioso fio, de amor composto, será este que, através dos séculos, permite um sentimento tão vibrante e vivo….

Ana Dias
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