(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

18.10.11

Abram valas para o Noddy

   
 Esta crónica não tem qualquer mensagem nem moral da história. Se prosseguirem na leitura estão por vossa conta…
   Detesto o Noddy. Sei que não se deve detestar ninguém, muito menos um mero boneco que tanto fascina o imaginário infantil.  Mas, só de pronunciar esse nome, forma-se-me logo uma imagem muito nítida daquela cara de parvo e daquele chapéu ridículo a coroar umas roupas de cor bem chamativa. E, à mesma velocidade que a minha mente é invadida por tão triste figura, cresce-me uma urticária inexplicável. Mas o pior mesmo é quando oiço aquela música que não lembra a ninguém, com as três buzinadelas do carro a ecoar, como um som vindo das profundezas dos infernos.
  Nas poucas vezes em que me apetece ver televisão e não estou para entrar em guerra com as tropas de eleite juniores lá de casa, deixo que sejam guardiães do comando e junto-me a eles a ver desenhos animados. E há alguns que realmente me prendem, como o Avatar ou o desvairado do SpongeBob… Mas, ao mínimo sinal do Noddy, os aguerridos defensores do Canal Disney e Nickelodeon, rendem-se de imediato à minha esquizofrenia noddyniana e mudam prontamente para outro canal.   
   E dou por mim a ver os programas infantis atormentada pela hipótese desse malfadado boneco me aparecer no ecrã… quase como quando estou a ver os canais de cinema, à noite e sozinha, sempre alerta nos zappings, não me vá aparecerer algum filme de terror com uma cena do exorcista ou uma boneca de porcelana a revirar os olhos e a pegar numa faca… Tenho que ter o polegar sempre firme no gatilho do comando, para liquidar sem piedade essas perversões da criação humana.
   Continuo sem perceber como é que a Enid Blyton, a autora dos melhores livros da minha infância, deixou um legado destes! Só consigo encontrar uma explicação: a senhora estava possuída por alguma força do mal quando criou esse filho das trevas a que deu o nome de Noddy….
   Termino com uma defesa básica dos direitos infantis: nenhuma criança merece definhar o intelecto com um bandido daqueles… e, sobretudo, nenhum adulto deveria sentir-se em ameaça constante perante a iminência de ser aterrorizado por essa criação das forças do mal.
   Por isso inicio, aqui e hoje, o movimento AVPN :  Abram Valas Para o Noddy!!
Ana Dias