O que vos dá mais prazer? Saber que fizeram algo bem ou serem louvados por isso? E o que terá mais valor? Saberem que o que fizeram está muito bem feito, mesmo que ninguém o diga, ou receberem elogios quanto a algo de que até nem se orgulham muito?
O Homem funciona com o ego, o elogio e o reconhecimento. Desde os primórdios da existência que a sobrevivência está dependente do grupo. A pena máxima a que um ateniense podia ser sujeito era o ostracismo, ou seja, a expulsão da urbe. O Homem não sabe existir a sós… nem em termos práticos, nem emocionais. E é por ser um Ser social, que o Homem busca incessantemente o reconhecimento alheio, a sensação de pertença ao grupo e a aprovação dos seus actos.
Mas há a participação saudável na grande tela social, na qual as regras se respeitam e cumprem, e a participação falaciosa em que muitos vivem para continuarem a ser aceites como parte integrante e valorosa dessa mesma tela. Quantas pessoas deixam o seu destino e a sua verdadeira missão para trás, pelo simples medo de serem votados ao ostracismo dos tempos modernos? Quantas pessoas se julgam a si mesmas pela visão que os outros têm de si??
E é aqui que entra o caráter, essa característica que permite que quem a tem se veja exactamente como é e não como os outros o “pintam”. Quando vejo alguém com caráter, sei que estou perante uma pessoa que sabe exactamente o seu valor; que conhece os seus defeitos e qualidades, limites e capacidades. O caráter é, entre outras coisas, o discernimento de quem se é, sem expectativas de aprovação alheia, nem dúvidas quanto a si mesmo ou quanto aos seus actos e escolhas.
Ter caráter é saber ser social sem sucumbir à sociedade.
Mas não termino sem perguntar… conhecem alguém com caráter??
Ana Dias