(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.1.13

Fascínio

Fascínio

Vi-o aqui, virtual, no meio de tantas outras caras. Não olhei apenas. Tentei ver. Ver para lá das barbas e das rugas. Ver para lá da pele pintada de sol e dos olhos de dureza cristalina. Tentei ver o que apenas posso imaginar: quem será; o seu percurso; as suas estórias; as pequenas e grandes escolhas que fizeram deste o seu olhar. E deixei-o logo entrar, altaneiro, no romance que agora escrevo. Não posso saber o que lhe deu este olhar, mas posso muito bem imaginar.

O Homem fascina-me completamente. Não este, todos. O ser humano em geral, transformado em indivíduo, é a mais fascinante maravilha que existe. Creio que é por isso que me apaixono por toda a gente, excepto talvez pelas poucas pessoas que conseguem a difícil tarefa de ser totalmente desprovidas de interesse.
E, ao concretizar estes pensamentos, percebo melhor a minha sorte. Percebo que esta afortunada paixão é o que me faz conseguir ver em vez de apenas olhar; percebo que esta compulsão pelos outros é o que me constrói e dá a capacidade de entender, não julgar e amar quem conheço e não conheço. É por isso que escrevo, mais que tudo, sobre pessoas, sobre vida. Porque o meu maior fascínio é, sem a mais pequena dúvida, o Homem.

Ana Amorim Dias