(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

14.11.11

Muitos anos depois


  Ela continua linda. Ele, como todos os homens, melhorou com os anos. Não é que não se vejam há muito tempo pois as reuniões familiares voltam a juntá-los todos os anos. Conversam um pouco sobre as suas vidas. Riem. Riem muito, na verdade. Circulam entre todos os outros convivas que também se divertem com estórias que saltam do passado para o presente, contadas com a naturalidade de quem sabe que a vida é feita de etapas. É frequente passarem muito tempo sem se verem e até sem se falarem, mas a sabedoria que possuem faz com que se mantenham amigos. Sabem que o amor ficou lá atrás, gasto até ao final no decorrer do tempo que há tanto tempo passou. Mas conhecem-se bem. Por isso sabem rir juntos.  Afinal partilharam a vida durante alguns anos e deixaram um legado comum. Sabem que, para o bem e para o mal, o outro está lá, ao longe mas presente,  para algum conselho ou palavra de apoio.  Sabem conviver tão bem quanto podem conviver um homem e uma mulher depois de passada a tensão do amor.
  E então, enquanto o seu neto sopra as velas do terceiro aniversário, eu abro-me num sorriso… o miúdo tem uns avós que se dão mesmo bem!
Ana Dias