(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

20.11.12

Reprogramar




   É impossível que alguém fique indiferente ao que se está a passar de novo entre Israelitas e Palestinianos.  Tanto a proximidade geográfica ( hoje em dia tudo é ao nosso lado) como a proximidade humana (chama-se amor ao próximo, mesmo que desconhecido)  nos levam a lamentar que, em pleno  pináculo do desenvolvimento do Homem ( que é sempre hoje),   se continue a viver o pavor horripilante da guerra.
   Não sei quais são as questões que os outros colocam, mas a pergunta que me faço é:  como se muda o interior odiante de cada uma daquelas pessoas? Como se reprograma cada indivíduo de forma a não sobrar mais ódio nem quem o instigue?    Com uma leitura superficial destas palavras  até podem  ponderar:  “ coitadinha… não está a ver bem as coisas…”,  por isso deixem-me avançar um pouco mais. 
    Em todos os conflitos há duas partes culpadas. Em todas as desavenças, individuais ou coletivas, há acertos e disparates de parte a parte. Ambos os lados  são sempre mártires e ambos detêm também boas doses de razão.  Este caso não é exceção  e sei do que falo pois muitos dos telejornais da minha vida, quase desde que me lembro, me trouxeram imagens e relatos dos resultados deste ódio visceral que há tempo vive nas gerações daqueles dois povos.  Como pode deixar de haver ódio depois de tudo o que já fizeram uns aos outros? Não sei. Só sei que se o ódio não morrer,  morrem eles de ódio. Literalmente.
   A minha abordagem é simplesmente diferente. Improdutiva talvez,  mas exposta com a autoridade de quem sabe o que diz. É quando abrimos a mão e entregamos,  de coração limpo, aquilo que nos é mais querido, que a vida se encarrega de nos trazer tudo de volta.  E mesmo que não traga, mantemo-nos ricos, porque o ódio não habita em nós. 
  E, só para terminar, mais uma opinião:  não há nada que justifique que tanta gente viva naquele pavor; fomentar o ódio só dá merda e dar largas à violência apenas serve para tornar o fenómeno mais global.  Não sei como se reprograma  o interior dos outros seres humanos para a tolerância e perdão,  apenas sei que é possível! Tem que ser!

Ana Amorim Dias