Quando vi pela primeira vez o filme “Legends of the fall” fiquei incomodada. Durante bastante tempo andei às voltas para perceber o que me perturbou daquela maneira. A princípio pensei que era a voz do urso, que soava dentro do Tristan: temi que também o meu amor ouvisse dentro de si igual rugido e que este o pudesse levar de mim, até aos confins do mundo, na conturbada busca de algo inatingível.
De vez em quando volto a ver o filme. Mas já não fico incomodada com a rebeldia sofrida do herói a quem o Brad Pitt emprestou o seu corpo. Há muito que percebi o porquê do meu incómodo que, por isso mesmo, foi ultrapassado. É que, tal como o Tristan, também em mim soa a voz do Urso. Aquela voz selvagem que nos leva por caminhos inesperados e inexplorados que temos que percorrer sozinhos. Aquela voz que existe em todos e em cada um de nós, mas que a maioria teima em fingir que não ouve, perdendo por isso a possibilidade fabulosa de viver… numa lenda de paixão.
Ana Amorim Dias