(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

14.8.12

Turquesa e malaquita



    Disseram-me que é bom ter uma pedra de malaquita e outra de turquesa juntas para afastar as coisas más. Comecei a rir e respondi que sou metade malaquita e outra metade turquesa. Mas confesso que, não sei porquê,  me veio logo à ideia a imagem da deusa da fertilidade e outros objetos nos quais o Homem tem vindo, ao longo dos tempos, a fazer recair a responsabilidade pela sua proteção.  
   Segurança, alimento e continuidade da espécie têm sido colocados às costas de incontáveis pedras, locais, estrelas, artefactos e divindades. O funcionamento destes mecanismos é simples:  a convicção de se ter acionado um qualquer elemento mágico  cria uma sensação de  proteção extremamente potente que conduz, indubitavelmente,  a uma vida mais tranquila  e   segura.   Quer os acontecimentos das nossas vidas dependam do destino ou do nosso livre arbítrio ( ou de ambos), dá-me ideia  que a sensação reconfortante de nos sabermos protegidos pelo que quer que seja,  é bem capaz de criar à nossa volta um campo energético passível de atrair coisas melhores do que as que atrairíamos sem tal sensação de proteção.
   Revendo agora a minha gargalhada desdenhosa, percebo que talvez não tenha sido completamente justa. Afinal  se a humanidade há tento tempo se socorre destes subterfúgios deve ser porque eles têm alguma razão de ser.  Por agora, e por via das dúvidas, talvez continue com a sensação que transmiti na resposta: de ser metade turquesa e metade malaquita.
Ana Amorim Dias