(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

1.1.13

Jibóiar


     As vozes delas ecoam a par com a música pelos vários cantos da casa. Desabafos, lembranças, partilhas e brincadeiras vão circulando ao mesmo ritmo a que descontraídamente se depenicam as iguarias que jazem sobre as mesas. Risos cúmplices, gargalhadas. Gente adormecida nos sofás. Crianças rendidas ao cansaço, entregam-se à bem vinda paz televisiva.
    "Frágil, tão frágil como o amor", canta o Paulo. E eu rendo-me, forte e com amor, ao encantamento de cristalizar o momento. Sentada no felpudo tapete da sala, silenciosa testemunha de tantas confidências, recolho às primeiras divagações escritas do novo ano que se inaugurou sob um auspicioso sol.
  A ordem do dia foi jibóiar, esse precioso verbo que talvez nem exista; esse precioso verbo que encerra a deliciosa actividade de apenas existir. Sem pressas, sem stresses, sem expetativas nem desapontamentos.
    Aproxima-se a hora de deixar para trás os sofás e tapetes felpudos; de guardar na bagagem as horas felizes  e voltar ao normal devir dos dias comuns. Jibóiar é fantástico, mas viver a todo o gás é igualmente fabuloso!
Bom ano!
Ana Amorim Dias