(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.8.12

A onda perfeita


   Mais um dia de Verão no Algarve. Mas hoje a praia parecia saída diretamente de um daqueles filmes em que tudo é belo e perfeito. E no cume  desse  idílico  cenário encontrava-se o mar,  prateado e quente.
   Passei horas agarrada à prancha, a deslizar nas ondas do levante. Contudo, e  como para apanhar as ondas é preciso esperar por elas e escolher as que mais nos agradam, acabei por passar muitos momentos ali  a boiar,  à espera da onda perfeita, deslumbrada com a maravilha singela daquele mar deslumbrante.   Confesso que pouco pensei durante todo o tempo que durou a minha guerra santa com as ondas, pois esta atividade é de tal forma mística que nos pára por completo a mente e faz com que mais nada exista a não ser aquele momento  de paz deslizante.
   Mas a memória do dia trouxe-me agora ao pensamento o tema da espera pela onda perfeita. Será que é preciso esperar muito por ela? Haverá muitas? De quanto em quanto tempo passam? E se não vêm? Devemos apanhar outras ondas ou desistir do deslize?
   Há muitas pessoas que passam uma vida inteira à espera da onda perfeita e acabam por não fazer mais nada do que  boiar e esperar. Mas há outras, bem mais sensatas, que têm a capacidade de ver que o que faz a perfeição da onda é a nossa vontade e perícia para a conseguir  agarrar.   Quase todas as ondas são perfeitas desde que se saiba entrar nela no momento certo e  aproveitar a força propulsora que nos traz.
   Ana Amorim Dias