Mais um dia de Verão no Algarve. Mas hoje a praia parecia saída diretamente de um daqueles filmes em que tudo é belo e perfeito. E no cume desse idílico cenário encontrava-se o mar, prateado e quente.
Passei horas agarrada à prancha, a deslizar nas ondas do levante. Contudo, e como para apanhar as ondas é preciso esperar por elas e escolher as que mais nos agradam, acabei por passar muitos momentos ali a boiar, à espera da onda perfeita, deslumbrada com a maravilha singela daquele mar deslumbrante. Confesso que pouco pensei durante todo o tempo que durou a minha guerra santa com as ondas, pois esta atividade é de tal forma mística que nos pára por completo a mente e faz com que mais nada exista a não ser aquele momento de paz deslizante.
Mas a memória do dia trouxe-me agora ao pensamento o tema da espera pela onda perfeita. Será que é preciso esperar muito por ela? Haverá muitas? De quanto em quanto tempo passam? E se não vêm? Devemos apanhar outras ondas ou desistir do deslize?
Há muitas pessoas que passam uma vida inteira à espera da onda perfeita e acabam por não fazer mais nada do que boiar e esperar. Mas há outras, bem mais sensatas, que têm a capacidade de ver que o que faz a perfeição da onda é a nossa vontade e perícia para a conseguir agarrar. Quase todas as ondas são perfeitas desde que se saiba entrar nela no momento certo e aproveitar a força propulsora que nos traz.
Ana Amorim Dias