(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

7.6.12

A solitária lágrima


  Entro no carro e arranco em direção à meia de leite.  Os contornos quentes e luminosos da manhã, a par com a voz da Ana Carolina, trazem-me memórias bons de tempos passados. Uma lágrima solitária desprende-se de mim ao recordar coisas vividas que já não voltam mais.
   Mas, algures a meio dos três quilómetros e seiscentos metros que me separam da civilização, percebo que a solitária lágrima não precisa de ser de tristeza; entendo que a nostalgia que se sente pelo que de bom já se viveu pode muito bem ser trocada pela euforia que, com alguma sabedoria, podemos trazer à vida em cada dia.
  E foi assim que, antes que a solitária lágrima secasse, fiz dela uma lágrima de alegria. Por tudo o que já fui e vivi mas, sobretudo, por tudo aquilo que agora sou e ainda me falta viver.
Ana Amorim Dias