Li recentemente uma citação mais ou menos assim: “ Ando meio fatigada de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis” e, claro, fiquei a pensar! Sobre a primeira parte da citação ( por mais que muito houvesse a dizer), apenas comento que há procuras que, embora nunca cheguem a bom porto, valem pela busca em si…
O que realmente me prendeu foram as “sedes afetivas insaciáveis”… Vieram-me logo à ideia duas coisas: por um lado a noção de ser essa insaciável sede a tornar tão prolixos os relacionamentos efémeros e, por outro, a existência de “checklists” cada vez mais exaustivas por parte de quem busca um novo relacionamento.
Antigamente as pessoas casavam e aceitavam a sua “sorte” como algo que não lhes competia questionar nem reformular… Hoje usa-se a fórmula do: “ não resultou, venha outro/a!”. E desengane-se quem pense que estou a advogar alguma das fórmulas, quem sou eu para isso! Apenas me parece importante deixar, quanto a isto, uma pequena chamada de atenção.
Se a insaciabilidade existe nas nossas sedes afetivas, talvez seja por não se estar a “beber” da “fonte” certa! Será que a saciabilidade pode, algum dia, vir dos outros? Ou virá antes de nós mesmos? Só nos saciamos por completo tendo uma afetividade saudável com quem nos relacionamos sempre: connosco mesmos. A sede só passa se bebermos do manancial que em nós corre… E é por isso que digo que, só matando a sede de nós de nós mesmos, a deixamos de sentir nos afetos alheios…
Ana Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário