(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

Sedes..

Li recentemente uma citação mais ou menos assim: “ Ando meio fatigada de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis” e, claro, fiquei a pensar!   Sobre a primeira parte da citação ( por mais que muito houvesse a dizer), apenas comento que há procuras que, embora nunca cheguem a bom porto, valem pela busca em si…
   O que realmente me prendeu foram as “sedes afetivas insaciáveis”…  Vieram-me logo à ideia duas coisas:  por um lado a noção de ser essa insaciável sede a tornar tão prolixos os relacionamentos efémeros  e, por outro, a existência de “checklists” cada vez mais exaustivas  por parte de quem  busca um novo relacionamento.
   Antigamente as pessoas casavam e aceitavam a sua “sorte” como algo que não lhes competia questionar nem reformular…  Hoje usa-se a fórmula do:  “ não resultou, venha outro/a!”.    E desengane-se quem pense que estou a advogar alguma das fórmulas,  quem sou eu para isso!   Apenas me parece importante deixar, quanto a isto, uma pequena chamada de atenção.
   Se a insaciabilidade existe nas nossas sedes afetivas, talvez seja por não se estar a “beber” da “fonte” certa!  Será que a saciabilidade pode, algum dia, vir dos outros? Ou virá antes de nós mesmos?  Só nos saciamos por completo tendo uma afetividade saudável com quem nos relacionamos sempre: connosco mesmos. A sede só passa se bebermos do manancial que em nós corre…  E é por isso que digo que,  só matando a sede de nós de nós mesmos,  a deixamos de sentir nos afetos alheios…
Ana Dias


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