Já não sei a que propósito, há dois dias comecei a debater com um amigo sobre o tempo que é preciso para tomar uma decisão. Afirmei convictamente que três segundinhos bastam. Ele olhou para mim muito sério ( de certeza a averiguar se eu falava a sério ou a brincar ) e contrapôs: “ Óh Ana… Depende da decisão… Até acredito que algumas pessoas decidam em três segundos se vão almoçar carne ou peixe, mas há muitas decisões que precisam de muito tempo para ser tomadas”. A resposta que lhe dei deixou-me a pensar : “ Discordo em absoluto! …Assim que é preciso tomar uma decisão, a escolha é automaticamente feita no nosso interior… quem a questiona, mede, pesa e analisa é que fica com a ideia de que tomar uma decisão requer tempo….” Como tantas vezes me acontece, ouvi-me com espanto e inquietei-me com a certeza com que lhe respondi. Calei-me um pouco e continuei: – “ E quem aceita a decisão automaticamente dada pela sua essência, sabe que qualquer escolha é tomada instantaneamente!” A conversa acabou por ali mas eu fiquei a pensar…
Fiquei a tentar lembrar-me quantas vezes deixei uma decisão por tomar; fiquei a tentar recordar alguma escolha mais difícil ou demorada… e a verdade é que não encontrei nenhuma. Sejam erradas ou certas as escolhas que faço a todo o momento, elas são o produto da automática decisão do meu interior; essa essência que sei ouvir e respeito…; essa mesma essência que me dá logo a resposta que, sabiamente ou não, eu jamais ponho em causa… Por isso, meu caro amigo, o poder da decisão talvez não esteja no tempo que se perde a pensar, mas sim no saber ouvir…. a decisão interior…
Ana Dias
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