(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.10.12

Curiosos



    A convite do professor de Português do Tomás, fui  visitar uma turma de 5º ano para lhes explicar a importância da leitura e  da escrita.  Assim que cheguei ele olhou para mim e, com um olhar entristecido,  desabafou que os miúdos de hoje andam pouco curiosos.
   Ao longo de quase uma hora falei, à luz de vários contextos, sobre a importância da nossa língua, chegando mesmo a confessar que um dos mais fortes motivos da minha alegria lusa é ter a incrível riqueza da língua portuguesa à disposição do meu ofício.  Mas, cá dentro, só me ecoava o tom sentido com que o professor João Viegas se queixou da falta de curiosidade dos putos.
   Será normal que as crianças de hoje não leiam? Será normal que não tenham nem curiosidade nem a consciência da riqueza que lhes é facultada nas escolas em forma de conhecimento?
  Numa era em que a tv passa 24 horas por dia de desenhos animados em vários canais; numa época em que a internet é raínha e os jogos de computador e play stations são princípes e o mundo se lhes apresenta como um produto acabado, não seria de esperar esta apatia cerebral  por parte das nossas crianças? 
   É claro que não estou contra o formato que o Mundo adquiriu. Não sou uma aguerrida vingadora das novas tecnologias e meios de comunicação, isso seria uma estupidez. Mas não posso evitar perguntar-me como se pode dar a volta a isto, ainda mais por ter dois filhos!   Como poderemos, afinal, aliciar os miúdos a ler e a ter curiosidade em apreender pelo menos  uma mínima parte de toda a informação e conhecimento a que têm acesso?  Como semeamos a curiosidade nas nossas crianças?
   Desta vez a questão fica em aberto. Deixo a “bola” do vosso lado porque está na hora de ir cumprir a mesma missão no 6º - C, a turma do Tomás…
   E agora que penso nisto, já decidi: vou perguntar a todos eles do que é precisam para se tornarem mais curiosos!
Ana Amorim Dias