Devemos dizer tudo o que pensamos?? Devemos deixar a voz correr, sem freios nem limites, tão veloz como os próprios pensamentos? Ou, pelo contrário, limitar a verbalização das nossas ideias e opiniões com regras de bom senso e convivência? Será mais proveitoso sermos, perante os outros, tão verdadeiros como somos connosco? Ou não abolir por completo as fronteiras do socilamente correcto?
Que vantagens traria ao mundo que desatássemos a voz? Se, quando a tia Augusta pergunta se está mais gorda, respondessemos: “ Mais gorda não, a tia parece o cruzamento de uma baleia com um rebocador de petroleiros!” ; ou quando temos que “aturar” uma conversa que não nos interessa para nada, nos saísse pela boca um: “ fala p’rái meu chato da m… que eu vou fingindo que te oiço enquanto faço a lista mental do que tenho que fazer amanhã…”. O que melhoraria no mundo se dessemos as nossas verdadeiras opiniões quando elas nos são pedidas?? Eu, quando não gosto de algo, safo-me com um: “ Hum… é interessante….”, pois se desatasse a voz, produziria ferimentos que não têm porque existir ( porque lá por eu não gostar de cãezinhos de loiça, música pimba e naperons de crochet no encosto de cabeça dos sofás, não quer dizer que quem gosta precise de sofrer com o meu gozo e mordazes críticas…)
Mas, por outro lado, quantas vezes é importante, (fundamental até) que abramos o fecho à boca e deixemos sair tudo o que nos vai cá dentro… Se não por nos aliviar, pelo menos para dar a nossa verdade ao nosso interlocutor… Quantas vezes não é pior calar e deixar por dizer coisas que, por muito que possam doer, são como tónicos de renovação; pontos de viragem; marcos importantes…?
Por isso é bom ter a capacidade de, a cada momento, perceber se o nosso mais pronto pensamento é para ser partilhado sem peias ou espartilhado em silêncios e ambiguidades…
Ana Dias
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