(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

31.10.11

Sete mil milhões


“….no dia em que a população mundial chega aos sete mil milhões de habitantes…” - oiço o senhor das notícias dizer na rádio…   Sete mil milhões?? Como raio sabem que é hoje?? Qual é o bébé que nasce hoje com direito à faixa que diz: “Parabéns! És o bébé nº sete mil milhões e acabaste de ganhar um Mundo sem guerras nem estupidez!”
   E isto leva-me a pensar como foi que,  ao longo de apenas algumas décadas duplicamos a população mundial… num mundo onde a vida humana vale por vezes tão pouco… Mas, por outro lado, lembro-me que,  enquanto em alguns locais se mata como se se bebesse um café, noutros tudo se faz para salvar uma única vida! Lembro-me de todas as notícias em que as baixas são apresentadas como um número com o qual já ninguém se emociona e recordo todas as outras, que ainda nos deixam com as lágrimas a querer saltar dos olhos por constatarmos que há Homens dispostos a arriscar as suas vidas para salvar as vidas de perfeitos desconhecidos… Arrepio-me ao pensar em todos os casos em que o altruísmo e o amor sem rosto resgata a vida de quem é salvo e de quem salva, ao devolver-lhes a preciosa fé na humanidade!
   Numa época em que a excelência no desenvolvimento anda de mãos dadas com as mais diversas crises, talvez devessemos repensar crenças e valores. Talvez fosse produtivo deixar de viver nos medos e sintonizar as nossas vidas na frequência da determinação e da coragem, chamando a nós não só a responsabilidade de uma atitude mais positiva, como  a  ação de construção de uma realidade circundante mais de acordo com o que gostaríamos que o Mundo fosse…
   Talvez assim,  quando a criança nº oito mil milhões nascer, lhe possa ser entregue uma faixa que diga: “ Bem vindo, bébé… O mundo ainda não é perfeito, mas andamos a fazer os possíveis!!”
Ana Dias