(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

23.3.13

Teoria da relatividade

Teoria da relatividade

A genialidade de Einstein permitiu-lhe a descoberta de uma fórmula que nem equipas de grandes cérebros, com todo o tempo e equipamentos necessários, conseguiram descortinar. Fê-lo, diz-se, nos intervalos de almoço de um emprego que tinha, provavelmente em folhas de rascunho engorduradas com salpicos da comida que ia debicando enquanto carburava as suas fantásticas visões do funcionamento do Universo.
Não tenho a menor intenção de me comparar a Einstein (como poderia!?!?) mas também nada me impede, enquanto represento a Quinta do Monte numa feira de empresas, de desenvolver a minha própria teoria da relatividade. Contudo, e ao contrário do génio, tentarei fazê-lo da forma mais compreensível possível.
Somos todos seres relativos. Mais altos que uns, mais baixos que outros. Mais feios que alguns e mais belos que tantos outros. Mais inteligentes. Ou menos. Mais intensos, amorosos, sábios, simpáticos, experientes, viajados. Ou menos. Depende do sujeito em relação ao qual nos relativizamos.
Vivemos sob o constante peso da comparação, sendo que, no final da história, tudo o que pretendemos é causar uma maior e melhor impressão aos demais, comparativamente a tudo o que veio antes. Quanto a isto não me restam grandes dúvidas.
Mas voltemos um pouco atrás antes de avançar para a conclusão. Somos todos seres relativos quando analisados como uma gota de água nos oceanos da humanidade inteira. Mas o que acontece se nos equacionarmos como algo absoluto? Se nos despirmos de todo e qualquer termo de comparação o que é que realmente nos resta?
Existirá algum botão no ser humano passível de ser desligado que desligue também a constante comparação aos demais, feita por cada um de nós e por todos os outros com quem nos relacionamos? E se o desligarmos? O que acontece depois?
Não me parece que tenhamos a capacidade de impedir que os outros nos comparem a quem quer que seja, mas quando (mesmo respeitando e aceitando os outros sete mil milhões) nos conseguimos entender individualmente como um todo, estamos preparados para transcender a relatividade e começar a caminhar com firmeza em direção à perfeição.
Assim sendo e apesar de ter sido várias vezes interrompida ao longo desta dissertação, creio ter a fórmula pronta: ES = CP vezes BS2. Eu explico: a existência sublime é igual ao conhecimento pessoal multiplicado por bons sentimentos ao quadrado.

Ana Amorim Dias

Desperta

Desperta

Um dia perguntaram a Buda:
- És Deus?-
- Não, não sou Deus. - respondeu.
- És um anjo? -
- Não, também não sou um anjo.-
- És o Messias, então! - retornaram.
- Não sou Messias nenhum.-
- Mas então o que és tu? -
- Eu? Sou desperto.-

Entrar em "estado Buda" é tão deliciosamente fácil que me espanta que não ande pelo menos meio mundo com o "sorriso de Buda" estampado no rosto.
E então alguém me pergunta:
- Como é estar desperto?-
- É sentir o divino em tudo. -
- E quando é que eu desperto? -
- Quando o teu entendimento apreender o que é realmente importante e a tua humildade te sintonizar com todos os seres.-

Ana Amorim Dias

E zumba!!

E zumba!!

Contra o que é meu costume, instalei-me no sofá para ver as notícias. Normalmente vou-me mantendo mais ou menos atenta, a uma distância minimamente segura, na secretária, protegida por atividades online executadas em vários dispositivos em simultâneo. Mas ontem sentei-me sem ter sequer os fones ao pé de mim, para fazer soar as minhas músicas quando a crise se instalasse.
Não demorou muito. Escassos minutos depois de ter iniciado a corajosa jornada, estava lavada em lágrimas, sob o olhar alarmado do meu filho mais velho a quem o pai tentou explicar a minha reação às terríveis notícias que todos os dias a crise nos traz.
Acabei por fugir para o meu porto seguro antes do final do jornal da noite. Mas pergunto-me: que raio de atitude é esta? Serei um rato desertor que não quer ver o navio a afundar? Ou apenas me protejo das energias deprimentes que podem muito bem arrancar-me todo o ânimo, inspiração e força de ação? Devo mesmo sentir-me culpada por não aceitar assistir de camarote a esta peça dantesca? Ou devo continuar a proteger-me numa redoma de trabalho constante em prol de algum rendimento e uma total alegria?
E então lembrei-me da Zumba! Daqueles momentos só meus em que a essência se entrega, ao mesmo ritmo que o corpo, a uma felicidade tão absoluta quanto suada. Ceder à pressão da crise e da depressão? Peço mil desculpas, mas não! Prefiro ceder à energia do Olimpo e zumbar. Prefiro ceder à luta de tentar criar mais trabalho e rendimento, sem esquecer que o dinheiro não é a felicidade, é apenas uma das muitas condições que propiciam uma existência feliz.

Ana Amorim Dias