(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

23.12.12

Querido Pai Natal:

Querido Pai Natal:

  Esqueci-me de te escrever a carta!  Não sei se ainda vou a tempo mas quero dizer-te que hoje me portei muito bem. Deve ter sido por saber que te ia escrever que se apoderou de mim um estranho espírito de fada do lar e devo dizer-te que além de a casa ter ficado um brinquinho, já tenho tudo mais que encaminhado para a ceia de amanhã. De caminho decorei a entrada de casa para te receber, é que a lareira vai estar acesa e fico sempre com medo que queimes o rabiosque.
  Bem, mas vamos ao que  interessa! Como hoje me portei bem, o resto do Ano não conta, certo? É que durante o resto do ano fui a patifa do costume: a que grita com os putos, a que se coloca a si em primeiro, a que é desorganizada, impulsiva, irascível e desbocada, mas isso agora não interessa nada.
  Estive a pensar bem nos meus presentes e uma vez que acho extremamente improvável que me tornes numa best seller ou consigas incutir aos estupores dos meus filhos uma consistente vontade de estudar, tenho a dizer-te que este ano não quero nada. Não fiques para aí chateado que  é claro que não estou a menosprezar os teus préstimos, apenas percebi que, tirando as duas supra referidas prendinhas, tenho tudo.
    É certo que te podia pedir aquela cena da paz no mundo e da compaixão nos corações dos Homens, mas decidi dar-te uma mãozinha e lutar também eu, intrépida, não só por isso como por conquistar mais paladinos para tal  inebriante batalha.

  Como de costume guardar-te-ei uma rabanada, beijos, Ana.

Ana Amorim Dias