(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

7.12.11

A gaveta


   Ontem falei com uma pessoa que me confessou  já ter rejeitado  alguns desafios. Não os aceitou, embora se sentisse aliciada, por um dos motivos que mais nos assola: o medo.
  Disse-me que não gostaria que esses projetos acabassem na gaveta. Sei que, no fim da conversa, eu lhe disse: - Experimenta escrever como se só tu existisses no Mundo; escreve para a tua alma e aposto que ela se vai surpreender com o que tens para lhe dizer…-
  E hoje esta crónica é para ti, pessoa de olhar meigo com quem ontem falei! É para ti e para todos os que ainda precisam de perceber que não há mal nenhum em deixar coisas na gaveta. Porque o simples facto de termos coisas na gaveta já implica a imensidão da conquista de as termos feito. Pode ser arte em qualquer das suas formas, pode ser caridade, pode ser qualquer coisa que tenhamos feito sem que ninguém tenha visto. Mas foi feito! E tem todo o valor que teve,  para nós, ao fazê-lo!
  Por isso, pessoa do olhar meigo, te digo: não temas o julgamento da tua obra. Diverte-te e completa-te ao criá-la e, mesmo que fique na gaveta, verás como te enobrece e enriquece. Porque todos temos, na nossa gaveta, feitos que nunca chegam a ver o sol.     E porque, às vezes, chega o dia em que as coisas voam para fora da gaveta e nos brindam com as mais agradáveis surpresas…
Ana Dias