Acabei de descobrir uma coisa fantática: comer melancia com uma pastilha de mentol na boca é muito agradável! Mas não é nada disto que vos quero dizer. Depois de trabalhar o dia todo, e antes de jantar e ir trabalhar de novo, fiquei indecisa entre um banho na piscina e vir escrever. As ganas criativas falaram mais alto. Se ainda tiver tempo já vou ao mergulho. Caramba… também não era isto que queria dizer!
A crónica de hoje, apesar dos iniciais devaneios, vem explorar uma ideia: o sabor daquela janela de tempo em que as coisas que criamos ainda são só nossas.
A crónica de ontem ( sim, a dos homens de cabelos pintados ) foi escrita de manhã mas, por motivos que agora não importam, só foi “para o ar” depois do jantar. Li-a à minha mãe momentos antes de a publicar e disse-lhe: - Esta ainda é só minha, ainda ninguém a leu! -
Fiquei a matutar no que disse, pensativa com o que se sente antes da partilha. Há coisas que são feitas para partilhar mas, no espaço de tempo que vai da criação à estrega ao Mundo, existe o momento em que temos um segredo só nosso e isso tem um sabor muito especial. Este momento secreto pode durar minutos, dias ou anos, mas quando algo é para ser visto, ouvido, lido ou sentido, acaba sempre por chegar aos destinatários. Tenho um romance pronto há cerca de um ano: o “Orgasmos da Alma”. Já rejeitei propostas de edição por saber que não teriam a capacidade de o fazer chegar aos destinatários que quero. O “Velho Farol”; o “Sol da vida” e o “Zoia” aguardam edições mais condignas. O “Orgasmos da Alma” e o “Quatro” esperam existir enquanto objeto palpável passivel de ser comprado em qualquer local. Estes últimos ainda estão no seu momento secreto; na tal janela temporal em que obra e criador se continuam a encontrar na relação umbilical que antecede a vida.
Por agora é tudo. Vou ao meu mergulho e “atacar” um pouco mais de melancia com pastilha de mentol!
Ana Amorim Dias