(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

6.2.12

Parabéns a você...

   Ela chora. Tem uma dor que, num súbito lampejo de consciência, se materializa: esqueceu-se dele. A meia noite passou sem que lhe cantasse, na sua voz meio rouca, os sentidos parabéns. Sobe as escadas. Corre para ele. Vê-o na sala, com o seu ar de homem menino, de sorriso colado aos lábios, com o perdão do amor no olhar.
   E então ela acorda. O sonho é real. A meia noite passou sem que lhe cantasse a canção. A que lhe cantava sempre com a voz emocionada e rouca. O dia começa a ameaçar amanhecer, mas liga-lhe mesmo assim.
- Parabéns a você… - Começa a cantar-lhe. A voz ainda mais rouca, embargada pelo desgostoso choro.
Ele ouve-a. Com atenção e desperto pois ainda não dormiu.
- Desculpa… - Diz ela quando acaba a canção.
- Está tudo bem … Eu amo-te!-  Diz ele em jeito de conclusão. Agora já pode dormir.
Ana Dias