(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

Alimentos

O meu amigo Paulo Cunha  fala, volta e meia,  sobre as dificuldades de se ser músico nesta nossa ancestral pátria… Penso logo em acrescentar as dificuldades de se ser escritor, pintor e todas as “ocupações” artísticas que, à primeia vista, podem ser de inferior importância…  Afinal o que é compor uma bela melodia, pintar o lindo quadro ou escrever palavras inspiradoras quando comparado com ensinar crianças, curar doentes ou criar alimentos para saciar a mais primária das necessidades???
   Mas não se trata aqui de comparar a importância entre as diferentes profissões pois todas são, em boa verdade, fundamentais… senão vejamos em que caos ficam as cidades quando os subvalorizados senhores da recolha do lixo estão em greve!!    Nem se trata sequer de reclamar, em contestatário tom, por melhores condições para quem trabalha nas artes…  Pura e simplesmente estou a falar de algo muito concreto:   se eu posso escrever é porque tenho outras actividades que pagam as despesas e proporcionam uma vida segura aos meus filhos… Se o Paulo pode fazer música é porque, através do ensino, também vê as suas contas pagas… E quantas  centenas de exemplos não existirão!  Quem quer trabalhar com a alma e criar alimentos para a alma, seja na arte,  na caridade ou em qualquer outra coisa, tem que, simultaneamente, trabalhar nos parâmetros normais da criação de sustento e só depois,  e com o tempo que sobra, partilhar a sua dádiva de arte e alma ao mundo…
   Por isso aqui deixo o meu aplauso mais sincero a todos os corajosos que, depois de um dia de trabalho, se entregam às actividade que o chamamento interior lhes “pede” e o fazem sem esperar as recompensas ou glórias que, a maior parte das vezes, não lhes chegam…..
Não parem! Há quem vos reconheça o valor e se “alimente” com as vossas criações!!
Ana Dias

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