(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

30.3.12

Greve geral


- Tenho que ir a Sevilha na quinta-feira, queres vir? – Disse-me ela,  ao telefone,  há três dias.
- Conta comigo! E o que dizes a levar a loira? – Perguntei-lhe.
- Boa! Liga-lhe.
  As melhores vivências são as que surgem assim, sem aviso nem grandes planos, embora os contratempos acabem sempre por surgir. O dia de ontem não foi exceção. Só ao chegar a Sevilha é que nos apercebemos da greve, ao ver as lojas fechadas e as manifestações nas ruas. Qualquer mulher que esteja a ler isto compreenderá o desalento de três amigas, preparadas para um dia de compras ( no estrangeiro…), que se deparam com TODAS as lojas fechadas.
- Não faz mal, desde que haja tapas e canhas, ficaremos bem. – Disse eu – Afinal estamos juntas e é isso que importa.
  Elas concordaram, mas o olhar de tristeza não escondia o desapontamento.
- Fizeram-nos uma macumba. – Dizia a Margarida
- Não tenhas dúvidas. – Respondia-lhe a Hebe.
A minha vontade foi juntar-me à manifestação com novas palavras de ordem: - Abran las tiendas! Abran las tiendas! – Não foi preciso. Elas começaram a abrir assim que a manifestação terminou.
 E, entre tapas, canhas e compras, pus-me a pensar em como é bom fazer greve geral ao dia-a-dia e fugir com amigas para um dia só nosso. Falámos e falámos,  como só as mulheres conseguem, e concluímos que as grandes amizades no feminino são diferentes das grandes amizades entre homens, mas isso meus caros, fica para outro dia.
Ana Dias