(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

“Urlo e Vanessa”

Há uns tempos os meus filhos, não se contentando com duas éguas e uma burra, decidiram que também queriam um pónei. Um pouco contrafeita lá embarquei na aventura de, pelo menos, procurar o bendito animal ( na esperança de assim os calar e, talvez,  não ter de o trazer para a quinta).
 Andávamos nós nas nossas (não muito convictas) pesquisas quando vimos uns ciganitos à beira da estrada com um pónei adorável. O Ricardo parou o carro na berma enquanto os miúdos, expectantes, aguardavam o desenrolar dos acontecimentos.
- “ Olá, esse pónei é vosso?” – Perguntou-lhes.  - “ Sim” – Respondeu o rapaz, no mesmo exacto momento em que a menina disse que não.  – “ Como é que vocês se chamam?” – Insistiu o Ricardo.  – “ Eu sou o Urlo e a minha irmã é a Vanessa… O pónei é do meu primo…” – “ Será que ele o quer vender?” - Quisemos saber. – “ Não sei… Passem cá outro dia…” . Os miúdos continuavam no banco de trás a apreciar a estranheza daquele encontro sem proferir uma palavra.
   Uns dias mais tarde, já esquecida do ocorrido, fui interpelada pelos meus filhotes enquanto comíamos gelados. – “ Mãe…?” – perguntou o Tomás.  – “ Achas que podemos ir levar um gelado ao Urlo e à Vanessa?...” O João secundou-o: “ Vá lá, vá lá…” Percebi que o verdadeiro interesse deles já nem sequer era o pónei.
   Comprámos uma caixa de gelados e fomos, os quatro, levá-la ao acampamento do Urlo e da Vanessa… Não chegámos (felizmente) a comprar o dito pónei, mas a surpresa e o encantamento no rosto das quatro crianças valeu bem a aventura… E ainda hoje, quando passamos naquela estrada, falamos com carinho, do Urlo e da Vanessa…
Ana Dias

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