(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

17.3.12

Malditos bróculos


   Sentei-me à mesa e comecei a temperar o meu prato de bróculos.
- Mãe! E eu?  - O João, que já tinha outras verduras a acompanhar-lhe a carne, começou a reclamar.
- Óh filho, não te pus porque pensei que não gostavas… - Respondi.
  Coloquei-lhe alguns no prato e o rapaz, deliciado, cemeu-os até ao fim.
- Mãeeee! –
- Hããã. 
- Mais! –
    Achei aquilo muito estranho mais lá lhe fui pondo mais bróculos no prato até não restar nem mais um.
   No dia seguinte, depois da escola, resolvi levá-lo ao supermercado para tirar a limpo se o episódio da noite anterior tinha sido só mais uma das suas manias.
- Toma um saco.  – Disse-lhe. – Podes encher com os bróculos que quiseres.
O  pestinha não se fez rogado, pegou no saco e começou a enchê-lo como se estivesse a acartar chocolates, sob o olhar abismado das senhoras que estavam por perto.
É difícil descrever a sensação de ter um filho tão louco por bróculos. É quase como estar num filme fantástico em que os impossíveis se tornam realidade.  – “Sou uma espécie de super-mãe” – Pensei, toda orgulhosa, nessa ida ao supermercado. – “ Sou uma super-mãe com super-filhos que comem super-bróculos!” –
   Mas acreditem quando vos digo que nem tudo são rosas…: ontem, depois de o João ter comido bróculos ao lanche, tive que lhe dizer para não comer mais, quando me pediu bróculos… para a sobremesa do jantar!
Ana Dias