(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

O almoço

   Talvez por estar quase sempre rodeada de muita gente, prezo muito os momentos passados apenas comigo. Desde miúda que me lembro de ser assim: de precisar da solidão para me “calibrar” e fortalecer.
  E um ritual que quase sempre me tento oferecer no meu dia de aniversário é uma refeição a sós, numa celebração sentida e com sentido. E, não sei porquê, lembrei-me ontem do meu almoço do trigésimo quinto ( ou seria sexto?) aniversário, num restaurante junto ao mar (claro!). 
- “ Que companhia querias ter aqui hoje, Ana?” – Perguntei-me.
-  “ Ninguém! Assim está perfeito!” – respondi-me.
- “ Válá, vá lá, vá lá!! Tem que haver alguém cuja companhia realmente desejasses neste almoço.” – Insisti comigo.
- “ Bem, já que insistes… Um almoço de sonho seria com a Isabel Allende, o Paulo Coelho e a Laura Esquivel… Bem sei, um pedido impossível…
- “ Parva! Não há impossíveis… - Voltei a responder-me.
   E depois desta conversa interior fiquei a imaginar-me a pedir ao senhor que me estava a atender para ir pondo mais lugares na mesa, à medida que, a nós os quatro (metidos na nossa incrível conversa) se iam juntando outras pessoas… A Pearl Buck chegaria muito elegante com um leve toque oriental; o Ernest Hemingway viria vigoroso e irascível, com as suas fartas barbas de velho lobo do mar. Chegaria o Carl Sagan, a Agatha Christie e o Jorge Amado. E, ainda a tempo do café e de uma tarde inesquecível, juntar-se-iam a nós a Enid Blyton, o Gabriel Garcia Marques e o Tolstoi…
  Lembrar-me-ei para sempre desse almoço… Das conversas empolgadas e debates infindáveis. Há coisas realmente impossíveis… menos dentro de nós!
Ana Dias

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