Há uma teoria que diz que quanto menos revelarmos as nossas emoções mais temos a ganhar. A carinha de póquer entra então em ação: a ausência total de expressões faciais e corporais representam o cume da montanha de gelo que conseguimos aparentar ser. Mas surgem duas questões: será que se consegue mesmo fazer a poker face? Integral e perfeitamente? Quer dizer, em todas as situações da vida, conseguirão as pessoas esconder efetivamente as suas emoções e sentimentos de todos os outros? Duvido muito…
A segunda questão prende-se com as vantagens: será mesmo vantajoso andar sempre com carinha de póquer? Se assim fosse não perderíamos a maior fatia do bolo do encanto humano? Se assim fosse não ficaríamos todos com a sensação de morar em L.A. e ter sido submetidos àquelas plásticas que roubam toda a expressão?
Afinal quando é que se deve pôr a poker face e quando é que devemos dar largas às nossas mais expressivas manifestações de humores?
Na minha opinião pessoal, a carinha de póquer só devia ser mesmo usada nos jogos a dinheiro e em mais situações nenhumas. A poker face é uma máscara; uma falsidade que, por mais que pontualmente traga uma ou outra vantagem, nos tira a honra e o brilho. Não confio em “poker faces”; não confio em quem não sustenta com o olhar as palavras. Posso não gostar de sorrisos amarelos nem de esgares cínicos, mas prefiro-os, de longe, à suspensão facial de emoções.
Ser humano é ser imperfeito. Ser humano é tentar caminhar para o aperfeiçoamento pessoal. E camuflar o reflexo de emoções menos boas é um perigo a que não devíamos querer estar sujeitos. É bom saber com o que contamos. É bom mostrar aos outros o nosso agrado ou desagrado. Mesmo que não seja o que nos proporciona maiores ganhos é, sem dúvida, o que que nos torna mais honestos.
Não termino sem uma reflexão que , mesmo podendo não ser acertada, tem muito de certo: as pessoas realmente inteligentes sabem que não é só com a inteligência que os obstáculos se vencem; sabem que as emoções, bem usadas e demonstradas, podem ser tão “inteligentes” como a própria inteligência.
Ana Amorim Dias