(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

12.3.12

A sanidade das loucuras


 “ Já podes ir ao fb conhecer o teu sobrinho! Beijos “.  Recebi a mensagem ontem à noite. Estranhei, é certo, a palavra “sobrinho”, pois estava ela estava à espera de uma “menina” para enfeitar com laçarotes cor de rosa.
   Lá fui ao face, conhecer a criatura ( um docinho, por sinal ). A minha “mana” Hebe vai ter muito trabalho com biberons e outros assuntos próprios dos bébés. A mim resta-me ir lá hoje, conhecer o Mixa em “pessoa”,  e refletir um pouco sobre as pequenas loucuras que nos povoam a vida.
   Faço um apanhado geral de todas as pessoas que conheço há muito tempo e também das que apenas recentemente me enriqueceram a vida. Não encontro nenhuma que não tenha a sua loucura. Não estou a falar de estados patológicos nem de características nocivas. Refiro-me a taras como comprar um casaco estupidamente caro, estar sempre a inventar, ter um telescópio potente ou andar sempre a escrever poesia sobre asas e estrelas. Mas há muitas outras sãs loucuras que fazem parte integrante do modo de vida das pessoas que me rodeiam, como cantar alto no banho, cozinhar em fornos de há dois séculos, ajeitar as sobrancelhas ou usar sempre todos os adornos a condizer. Há quem divague imenso sobre a vida em reuniões de trabalho e quem refile com um humor que me faz rir até às lágrimas. Há quem revire as pestanas,  quem perfilhe borregos e quem esteja sempre a magicar sobre a próxima obra a fazer… mas é cada uma destas pequenas loucuras que confere a todos os seres que adoro, uma sanidade emocional que os torna únicos e adoráveis.
  Termino com algumas questões: conhecem quem não tenha as suas loucuras? Não serão elas um reflexo determinante da sua sanidade?
Ana Dias