(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

13.3.12

Sonhar

  Adoro sonhar acordada porque, ao contrário do que acontece nos sonhos que tenho a dormir, a minha vontade controla os acontecimentos. Não há cá inconscientes nem complexos disto ou daquilo a funcionar. Nos sonhos que sonho acordada mando eu e acabou-se. Não há necessidade de explicações freudianas nem de mais complicações, a coisa desliza com uma suavidade perfeita que só me deixa feliz.
  É verdade que às vezes acordo maravilhada com o que acabei de sonhar, mas há outras alturas em que o amanhecer me traz uma vontade incontrolável de cancelar o contrato com o meu inconsciente. E lá fico a ruminar: “Mas que raio…? Como é que fui sonhar uma coisa tão estúpida? Afinal isto veio de onde? E o que quererá dizer?”
   Mas agora que penso nisso, constato: os sonhos são como a vida, há aquelas partes que controlamos e que deslizam numa suavidade perfeita que só nos deixa felizes; e há todas as outras que, tal como o nosso inconsciente, não controlamos e nos trazem as mais surpreendentes surpresas. E o que havemos de fazer se nem tudo corre de acordo com a nossa vontade? Cancelar o contrato com a vida?? Não me parece.  Tal como os estranhos e imprevisíveis sonhos têm a capacidade de nos fazer sentir e pensar, também todas as variantes incontroláveis da vida devem servir para isso mesmo: para nos fazer sentir e pensar. E já agora, porque não também, evoluir?
Ana Dias