(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

O que vais vestir amanhã?

Já paraste para pensar porque te vestes assim? Porque pões esses sapatos de marca e te mostras como queres que te vejam? Será que  usas as roupas que realmente realçam a tua beleza e te escondem as imperfeições ou rendeste-te à indumentária que te torna (aos olhos dos outros) mais bem sucedido ou melhor profissional?  Achas que é por usares gravata que tens sucesso ou encaixas no perfil? E tu? Será por teres uma mala Gucci e uns sapatos Louboutin que te tornas um ícone de estilo e riqueza?
Párem lá para pensar, a sério…! …  Vestem-se para vocês ou para os outros vos verem de certa forma e com determinadas qualidades e características?
Ontem, enquanto pagava a conta da alimentação do meu pópó, reparei no senhor à minha frente ( longe de saber que, hoje, escreveria sobre ele…): um senhor de cinquenta e muitos ou sessenta e poucos, com o cabelo branco, comprido e atado num rabo de cavalo pouco apertado… Calças brancas de linho e uma túnica branca também. Uns brincos pequenos e, ao pescoço e nos pulsos vários colares tibetanos com contas de vários tamanhos. Nos pés umas simples sandálias. Além da roupa e adereços, envergava um sorriso satisfeiro e um olhar incontido. Nem reparou que eu o observava…
Agora, enquanto escrevo e relembro a sua figura, pergunto-me: será que estava trajado para os outros ou para si mesmo? É que o senhor até pode estar a passar uma nova fase e querer agradar à sua nova namorada, alguma yoggy saudosa dos tempos do woodstock… ou pode ter desenvolvido a fantasia de se tornar um novo Mestre aparecido. Não me pareceu. A forma como se movia e envergava as suas vestes era, sem dúvida, consistente. Ao contrário da forma como eu, nos meus primeiros julgamentos, me “fardava” de fatos saia-casaco, dentro dos quais me sentia mais estranha do que se saísse à rua com um fato espacial…. Depressa voltei a mim e muitas foram as vezes em que, antes das alegações finais, me ria de mim para mim por, debaixo da invacilável toga, se encontrarem umas calças de ganga rotas enfiadas dentro de botas de cano alto…  Porque é assim que piso bem o meu chão e sei que faço o meu mundo tremer: vestindo o que a cada dia me apetece e acedendo apenas ao meu estilo e à minha tendência por roupas sem marca ( há alturas da vida em que estes pacatos hábitos dão muito jeito, acreditem!). Porque é assim e só assim que eu sou eu, independentemente da profissão que vou desempenhar a cada dia…  Porque, fosse eu presidente ou prostituta, vestir-me-ia exactamente assim: de acordo com o  reflexo do que sou e de como me sinto!
Vá lá! Deixem de acreditar que é o hábito que faz o monge!! A pessoa que vocês são, as vossas qualidades profissionais e pessoais, não se alteram se amanhã forem para o escritório com as calças de ganga que só usam ao fim de semana… Vá lá! Atrevam-se… Pelo menos vivam a vida a vestir o que vos faz sentir realmente bem!
E já agora pergunto… afinal o que é que vão vestir amanhã?
Ana Dias


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