(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

Arrepios

Quis o destino que, no dia da última apresentação do “Histórias do (A)Mar”, eu reencontrasse uma amiga/colega de infância que não via há vinte e quatro anos. Revi a Ana Margarida Canelas num almoço a três:  a Patrícia Pia, o terceiro elo do sagrado círculo,  também se nos juntou! Soube-me a pouco e insisti em marcar com ambas um novo almoço que aconteceu hoje…
   Cheguei à esplanada junto à marina apenas uns minutos depois delas. Houve o ritual dos abraços apertados (aqueles que, mais que com o corpo, se dão com a alma) e depressa começámos no atropelo de novidades que haviamos deixado a meio apenas quarenta e oito horas antes. Enquanto falávamos e nos brilhavam os olhos com uma cumplicidade e amor que o tempo não pôde apagar, lembrei-me da “sintonia” da crónica que ontem escrevi, enquanto a Patrícia dissertava, convicta, sobre a evolução do ser humano em direcção  ao seu melhoramento… Não podia acreditar! Quanto mais as ouvia, mais agradecia a riqueza dos insondáveis caminhos da existência; enquanto partilhavamos percursos de vida, dores e alegrias, fui sentindo arrepios profundos a percorrerem-me o corpo e a alma, num dos “orgasmos da alma” de que tanto falo no meu último livro.
  Sei que não sou especial nem  superior a ninguém, mas aquelas duas mulheres lindas, especiais e fortes, que mantêm a essência pura que há tantos anos me atraiu, fizeram-me sentir uma rainha entre as mulheres. Senti-me no topo do mundo como sei que elas se sentiram, também… Senti-me tão única, privilegiada  e  feliz como só se pode sentir alguém ( como decerto já vos aconteceu a todos) que sabe que há pessoas que nos acompanharão para sempre, mesmo que não apareçam por mais de vinte anos.
E foi então que percebi, por altura do trigésimo arrepio ( para mim o eterno delator de uma emoção  poderosa), que tudo o que tenho vivido, aprendido e sentido, o tem sido também por elas, cada uma à sua maneira… E nessa altura percebi que sim, sou especial, como elas e como vocês que entendem do que falo…  Senti que quem tem amizades assim, que resistem ao tempo fortalecendo-se e renascendo de uma morte nunca sofrida, é abençoado com a maior das riquezas…. O verdadeiro amor!  …. E lá senti novo arrepio….
Ana Dias

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