(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

15.11.11

O contador de estórias


  O ancião entrega o seu colar a um jovem. Ao mesmo tenho que lhe coloca o simbólico objeto ao pescoço, investe-o também com a missão que toda a vida teve. Contar estórias que fazem parte da história da tribo. Para que o legado não se perca. Para que as mensagens ancestrais continuem a passar de geração em geração.
  Ao testemunhar este momento, num qualquer programa de antropologia  que passa nos bons canais que a tv paga tem, sou atingida por uma revelação que me enche de um forte sentimento de solenidade. Os contadores de estórias são importantes. Da mesma forma que existem pessoas que fazem pão para alimentar os corpos, outras há que, transmitindo estórias e mensagens, alimentam as almas. Ocorre-me o pensamento, talvez fantástico e sonhador, de ser uma dessas pessoas. De ter por missão contar histórias, transmitir mensagens, alimentar almas… Se assim for, que privilégio representará para mim tal missão! E talvez assim seja porque, afinal, de tudo o que faço, contar estórias é a coisa que sinto ser mais importante.
  Foi ontem à noite que vi o ancião passar o seu colar e a sua função ao homem mais jovem. E que propositada imagem para iniciar a mensagem que hoje vos pretendia deixar: um pedido de desculpas pela ausência dos próximos dias. Espero que sintam a falta das palavras que todos os dias vos escrevo… Na verdade ficaria muito feliz se lhes sentissem a falta! Mas os verdadeiros contadores de estórias são como caçadores nómadas, movendo-se incessantemente no Mundo, de olhos bem abertos e com os sentidos bem apurados para melhor conseguirem “caçar” as estórias com que depois alimentam as almas.
  É por isso que agora me vou, na promessa de regressar,  daqui a alguns dias, com mais uma prolixa “caçada” que, feliz,   partilharei convosco.
Um abraço já saudoso,
Ana Dias