(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

Perdoar e esquecer

   Há dias contaram-me um caso ( um entre milhões, com toda a certeza) em que o marido traiu a mulher e foi perdoado. Segundo me foi dito ela perdoou mas não esqueceu e,  apesar de continuarem juntos, o infiel perdoado continua a sentir a presença dessa sombra não esquecida do passado.
  Volto a bater na “tecla” dos pensamentos e das emoções… As emoções são “sentires” originados quer por pensamentos quer por acontecimentos externos que são sempre filtrados e entregues pelo pensamento.
  Digo, repito e continuarei a afirmar enquanto tiver teclas no computador: pensamentos maus trazem más emoções e estas, por sua vez, dão força aos maus pensamentos que voltam a alimentar as más emoções num ciclo cicioso e viciado de complicado termo. 
  É neste momento que se interrogam em silêncio : “ Mas ela estará parva?? Como posso ter boas emoções se os estímulos exteriores forem negativos? Como posso ter bons pensamentos por alguém que injustamente me ofende ou agride de alguma forma?”
  E eu respondo que não seríamos humanos se não reagíssemos mal a maus estímulos ( com a iluminação talvez  lá cheguemos um dia…) e admito que sou a primeira a enfurecer-me e transformar-me em gladiadora quando os estímulos exteriores são ofensivos. Mas uma coisa é reagir e extravazar a emoção, outra, completamente diferente, é moer e remoer e pensar e repensar o que foi dito, feito e falado, criando o tal ciclo vicioso de pensamento e emoção do qual é difícil sair.
   Quando há confrontos, e enquanto a serenidade da ausência total de reação não nos chega, aconselho vivamente uma retirada estratégica para deixar sair “ o bicho” !  O passo seguinte deve ser dado o quanto antes ( se ocorrer no espaço de algumas horas já se podem considerar seres iluminados) e esse passo consiste em… esquecer!  Porque só esquecendo se perdoa e só perdoando se esquece!
   Esquecer certas coisas é uma das mais sábias regras do bem viver, mas usar o esquecimento também implica deixar sair a emoção na hora certa e arrumar ali mesmo com o assunto.
  Termino voltando à senhora que perdoou mas não esqueceu… quando realmente perdoar esquecerá… Talvez nesse dia perceba também que já não ama o causador da dor que já não sente… mas a vida é mesmo assim !
Ana Dias

Sem comentários:

Enviar um comentário