(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

5.7.12

Vinte para a meia noite



     Há cinquenta e uma horas que não escrevo,  mais coisa, menos coisa.  Estou  sonolenta: acasos do dia-a-dia não me têm permitido dormir. Tenho fome. O almoço de hoje foi a única refeição decente a que, nos últimos  dois dias,  me rendi. E mesmo assim comi à pressa. Vou buscar cerejas ao frigorífico. Ou será melhor um sumo de manga? Sempre dá menos trabalho…
   Mas a fome que realmente sinto é a fome de escrever. E o sono que me invade é o da inércia, por tanto tempo,  dos dedos sobre as teclas.  Cinquenta e uma horas… cinquenta e duas daqui a nada!  As cerejas que esperem! Ou o sumo de manga, não sei!  Por agora só o dedilhar das teclas e o fluir das palavras me podem tirar a fome. E o sono.
 - Não fazes mais isto, ouviste? – Digo-me.
- Não. Claro que não! – Respondo-me.   
– Cinquenta e uma horas… quase cinquenta e duas… que vergonha, Ana! – Insisto de mim para mim.
- Eu sei, eu sei! Podia ter roubado cinco minutos ao tempo e aplacado o vício à alma… Não se volta a repetir! –  Respondo-me de novo.
- Não lhes dizes? – Recomeço. –
- Claro que sim. Esta crónica é mesmo para isso! –
   É. É para isso, esta crónica. Para vos pedir paciência porque as crónicas diárias já não “sairão” às nove e meia da manhã.  Talvez até nem  me “saiam” todos os dias. Mas prometi-me não voltar  a estar tanto tempo sem escrever. É horrível!  Dá-me fome ao coração; sede à alma; frio à vida e sono aos pensamentos.   A crónica (quase) diária “sairá”.  Apenas não sei a que horas, pelo menos até ao fim do Verão e ao regresso dos miúdos à escola.  Por isso não deixem de cá passar:  os meus Dias Escritos cá estarão à vossa espera.
  Bem, agora vou às cerejas. Ou será ao sumo de manga?
Ana Amorim Dias