(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

10.12.12

Beleza



      O deadline aproxima-se. Ter temas impostos e prazos limite é um desafio muito interessante para quem escreve quase sempre ao sabor dos ventos da vontade.   Mas de hoje não passa.
    Depois de alguns dias a ruminar o tema, decido-me pela única abordagem lógica a algo tão subjetivo.
   Como  a beleza é um conceito muito individual, têm levado a cabo várias tentativas científicas de a plasmar  numa fórmula uniformizada.  Decidiram-se pela  simetria: quanto mais simétrico é um rosto, mais deverá corresponder ao conceito universal ( se é que tal coisa pode existir) de beleza.
    Que me desculpem os cientistas, mas a beleza não é mensurável em programas de computador nem com fórmulas matemáticas e geométricas. A beleza é, e será sempre, uma decisão pessoal do observador. Quer estejamos a apreciar uma paisagem, uma obra de arte, um carro ou uma pessoa, a beleza só pode ser plenamente medida por quem olha e “sente” o que está a ver.
   Mas limitemo-nos apenas à beleza humana.  Afinal porque é que consideramos alguém  belo?  Como é que funciona o nosso sistema de apreciação?  Quais são os atributos que determinam a beleza ou a fealdade de outrém?   Serão as caras perfeitas no topo de corpos de fazer parar o trânsito? Ou haverá algo mais?
   É  neste ponto que mudo o rumo da crónica para um tom bem mais intimista  e falo do que conheço bem. Será que eu me sentiria mais bela com um rosto nota cem no teste da simetria e um corpo capaz de desfilar nas passagens de modelos da Vitorias’s Secret? Não me parece. Há algo em mim que supera os feios detalhes dos quilinhos a mais, da celulite, da falta de simetria e das rugas e cabelos brancos que se vão instalando. Chama-se amor próprio. Chama-se auto-confiança. Chama-se emoção e capacidade de sonhar. Chama-se paixão pela vida.
     É disto que a beleza é feita. Ela é o magnetismo emanado pelo nosso interior e pela forma como envergamos a nossa unicidade e o nosso amor por nós mesmos.  São estes atributos que nos tornam realmente atraentes ao próximo.  E quanto mais profundamente  o entendemos e naturalmente praticamos, mais irresistíveis  e belos nos tornamos.  
Ana Amorim Dias