(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

29.2.12

Esqueletos no armário



  Os temas para as crónicas do meu “pequeno almoço feliz” amontoam-se em listas escritas na agenda, no telefone, nos blocos de notas ou em papelinhos dispersos que depois me saltam dos mais inusitados lugares.
   Mas,  normalmente,  o tema de cada manhã é escolhido na noite anterior, nos poucos minutos que roubo ao tempo para pensar um pouco nisso.
   Ontem estava a ponderar que talvez hoje me tivesse de socorrer das ditas listas, quando fechei a porta de um pequeno armário do meu quarto. Desde miúda que tenho a mania de não dormir com portas de armário abertas, e penso que tal “tara” se acentuou após ver o “Monstros e cia”.
   No momento em que encostava a portinha, pensei nos esqueletos no armário. Será que tenho este hábito para não deixar que os esqueletos me fujam do armário? Será que existe alguém que não os tenha? Não me parece. Creio que todas as pessoas vão acumulando, ao longo da vida e em maior ou menor quantidade, esqueletos nos seus armários. Alguns vão sendo de lá tirados, mas normalmente outros surgem, para lhes ocupar o lugar.
   Fiquei a  pensar se existirá no Mundo quem não tenha ( ou nunca tenha tido)  nada a esconder de ninguém. Parece-me que há sempre pensamentos, vontades, ideias e  sonhos que não se confessam; que ficam apenas para o seu criador.
  Acabei por adormecer a pensar que, enquanto não inventarem um aspirador de pensamentos, os nossos esqueletos estarão seguros, no local onde pertencem: o armário.
Ana Dias