(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

28.9.11

Ironias...


A primeira cobrição

    O início do ano letivo traz consigo um corropio de novos horários e velhos hábitos, e listas intermináveis de materiais escolares para comprar. Mas traz também algo bem mais terrível: as reuniões de pais.  Como encarregada de educação, lá fui ontem à reunião do João e hoje à do Tomás.  Acabo por me sentir como nos aviões… por mais que já se conheçam de cor todas as regras de segurança, temos que “levar” sempre com aquilo!
    Mas, nestas duas reuniões seguidas,  houve algo que me prendeu a atenção.  Tanto o pequenino, que entrou para o 1º ano, como o grande, que foi para o 5º, vão ter uma componente de educação sexual….   Até aqui tudo muito bem, certo?
  Então o que é que me espantou neste facto? Simples! Foi  a cautela com que os professores abordaram a questão… quase a pedir desculpa por terem de obedecer a ordens superiores! Salientaram e sublinharam bastante que era tudo muito superficial e inóquo, por forma a não ferir a susceptibilidade das crianças.
  Ri-me por dentro. Triste por constatar que os obsoletos tabus e o  encarar o sexo como uma coisa nefasta ,ainda perduram nas mentes da minha própria geração. Mas ri-me,  também, de contentamento. Afinal os meus dois filhos ( esses a quem a sexualidade vai ser aflorada com tantos cuidados ) só na última semana, foram três vezes levar a égua mais nova ao cavalo para ver se há um potro novo cá na quinta para o próximo verão….
 Embora saibam ambos, desde há muito, a exata maneira como a sementinha vai parar ao campo fértil do útero, não pude deixar de soltar umas valentes gargalhadas com a descrição da primeira cobrição a que assistiram!   O pequeno abriu os braços e disse: - Mãe! Aquilo é deste tamanho!!  -  e o grande ia repetindo: - Que  nojo! Que nojo! -
  O certo é que,  nas vezes seguintes,  lá foram  de novo  os dois, todos satisfeitos, montados no trator e com a égua a reboque para ir ter com o “namorado”.
  Por isso das duas, uma: nas tais aulas de sexualidade  que alguns professores tão relutantemente vão dar, ou  os meus filhos adormecem ou …. dão eles próprios a aula!
Ana Dias