Entre as vozes felizes e cúmplices dos meus magos colaboradores que vão fazendo a festa ganhar forma e o espaço ganhar alma, oiço uma outra voz, uma voz firme e bela que há muito tempo não ouvia…
Já não me lembro nem quando nem onde conheci o Ricardo, apenas recordo o constante sorriso franco e a contagiante energia que coloca nas interpretações musicais a que empresta a sua potente voz.
Cumprimentamo-nos como velhos amigos que se apreciam verdadeiramente, apesar do fogo que forjou a empatia apenas ter ardido em meia dúzia de breves conversas ao longo das nossas (ainda) breves vidas.
Poucos momentos depois estamos os dois a contar os nossos últimos projectos e a cantarolar letras do Carlos Tê… e é então que a “coincidência” se dá… Eu tenho letras para músicas ainda sem melodia e o Ricardo tem melodias à espera de letras. Nas poucas palavras que o entendimento requer, selamos um pacato pacto de cumplicidade criativa. Ficamos empolgados e passamos o resto do dia a interromper a minha ocupação de anfitriã e a dele, de músico, para cantarolarmos um pouco e trocar uma ou outra palavra de um refrão que se quer revisto.
Enquanto o jantar é servido, crio duas letras para ele: “ Tempestade” e “ Sabes?”. Passo com as folhas de papel azul em frente a ele enquanto actua para convivas que dançam, entusiasmados. Ele ri-se. Canta, encanta e ri-se. Com o mesmo riso que eu uso quando sei que vou delirar… a criar.
Talvez não tenha sido assim, mas quase aposto que o Ricardo se sentou ao piano nessa mesma noite, já tardíssimo, para se dar o prazer da criação… esse prazer tão único e sublime que, na mera antecipação, já nos deixa em deleitada expectativa…
Quanto ao álbum que vai nascer… que faça nascer emoções!
Abraço,
Ana Dias
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