(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

29.11.11

Um acto de fé…


   Não sei como ainda não se lembraram do óbvio: cada novo bebé  deveria contribuir com cinquenta mil euros para a nação!  Ou melhor, só teria direito a cá nascer se trouxesse logo, do útero materno, dois lingotes de ouro para entregar nos cofres do Estado.   E já agora porque não outras medidas, como exigir aos estrangeiros o pagamento de cinco ou seis mil euros para cá virem passar uns dias a levar com o sol na cara e a tirar fotografias ao mosteiro dos Jerónimos?
  Além do mais, por cada gargalhada devia ser combrada a taxa da alegria e por cada ida à casa de banho, uma contribuição por uso de papel higiénico. Quem sabe até,  fosse viável o I. R., o imposto sobre a respiração…
  Não é meu costume escrever crónicas “ de intervenção”. Gosto de me manter, observadora, a trilhar o meu caminho e a viver metida comigo e com os meus assuntos de alma e coração… mas a vontade hoje falou mais alto.
   Encontramo-nos numa situação em que já não vale  a pena procurar culpados, nem fazer greves e manifestações ou armar outras confusões.  O estado arrasado da economia não deve ter um efeito arrasador  nas vidas das gentes. Deve sim ser encarado como uma oportunidade única para ponderar (pelo menos ponderar) como tudo se poderia começar a alterar. Quantos de vós já se deram conta de que a estrutura estadual é exorbitantemente gigantesca?  Andam milhares e milhares a desgovernar os poucos milhões que somos,  neste Portugal que merecia a oportunidade de manter a casta e a nobreza que na sua essência tem.  Já pararam para pensar que a função do ser “Estado” é gerir e providenciar? É provir previdentemente!  Como se de grupo exclusivo se tratasse, cada cidadão, para poder a ele pertencer e lá “brincar”, tem deveres e correspondentes direitos. E os dirigentes desse grupo devem ter por principal bandeira, os interesses dos membros e não os seus… 
  Desculpem-me todos os políticos por não acreditar em vocês. Sei que há ( tem que haver !) alguns que ainda sentem a Missão a guiar-lhes o caminho. Mas sei também  que é quase impossível não sucumbir  ao podre modus operandi da maquinaria pesada. 
  Assim, neste período negro, tomo duas atitudes: trabalho ainda mais apaixonadamente e uno a minha fé a quem, como eu, queira acreditar que ainda haja hipótese de alguns dirigentes perceberem qual é a sua verdadeira função….
Ana Dias