Hoje, quando fui acordar o meu filho João (o mais novo, que anda sempre em sarilhos), encontrei-o a coçar, no seu sono de criança, umas vinte ou trinta “babas” que algum desconhecido insecto lhe causou durante a noite… Antes de o levar à escola passámos pela farmácia e “pintei-lhe” o corpo com o mesmo número de pintinhas de creme branco!
E o valente rapaz lá foi para a vida dele, a coçar-se um pouco menos e conformado com a sua triste sorte, enquanto eu fiquei a pensar no incómodo das melgas e outros aborrecidos insectos… Fiz logo a analogia às “melgas” de duas pernas, os seres supostamente pensantes que não se dão conta de estar a mais e a passar dos limites, persistindo convictos num zumbir incomodativo que, por vezes, não sabemos como terminar.
Vieram-me logo à lembrança as tentativas falhadas (e tristes) de certos homens que se acham o máximo e tentam “meter conversa” ficando, depois, muito irritados com a antipatia feminina de quem não está para os aturar…
Há alguns anos eu até era delicada: até dizia o meu nome quando me perguntavam, e até me afastava subtilmente e com um sorriso para não lhes ferir o ego. Hoje já não estou para isso. Quando estou em algum dos trabalhos em que tais situações se proporcionam, viro liminarmente as costas e deixo-os a falar sozinhos, irritados com a minha convicção de não aturar quem não quero (que confundem com mania e má educação…)
Não me importo com o que possam pensar. Cada minuto meu é demasiado precioso para ter algum convidado de casamento, já meio emplastrado com alcool, a pôr-me a mãozinha nas costas e a tratar-me por tu sem me conhecer de lado nenhum! É que nem os tento pôr no lugar… apenas penso: “xô melga!” e lhes lanço um imaginário spray anti melgas. Depois sigo o meu caminho, deixando atrás de mim a esperança, não que morram, mas que cresçam….
Ana Dias
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