Nos almoços de Verão tudo pode acontecer. Homens feitos, depois de agradarem um dos seus mais primários instintos: cozinhar a carne na grelha; e de se dedicarem a matar a vasta sede com cerveja a vinho gelado, transformam-se em crianças e soltam a infantilidade que há em si sem pudores nem complexos. Os disparates saem céleres e as gargalhadas povoam o ar. E, no meio da loucura, dá-lhes para uma guerra de pedras de gelo…
Eu, de barriguinha cheia e preparada para escrever uma crónica, estava a perguntar-lhes se queriam que escrevesse sobre algum tema em particular ( as respostas foram tão tontas que nem as vou referir…) quando, sem saber o que me estava a acontecer, levo com uma pedra de gelo em cheio na testa!
Começo a escrever enquanto vou esfregando a testa com outra pedra de gelo ( esta, de aterragem mais suave!) na esperança de que o galo não me cante à meia noite. As crianças grandes sossegam um pouco. A guerra de gelo é voluntariamente suspensa, embora os disparates e gargalhadas prossigam.
E, enquanto o meu galo se vai desenvolvendo com vida própria, penso na quantidade de pessoas a quem faria bem uma pedradazita ( amorosa, suave, firme ) na cabeça… Não se alarmem… a pedrada é apenas uma alegoria às “pedradas” com que a vida, volta e meia, nos acerta em cheio… As mesmas “pedradas” que, embora doam e nos façam inchar o sítio onde acertaram, nos fazem ver mais claramente as coisas; nos fazem evoluir e despertar; nos fazem procurar novos caminhos e encontrar soluções para situações aparentemente sem resolução.
Uma coisa é certa… esperei apenas meio minuto por um tema para esta crónica. E este, embora me tenha ficado a doer um pouco, só serviu para me provar que, venha de onde vier, a inspiração há-de chegar sempre até mim… nem que seja à pedrada!!
Ana Dias
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