(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

Uma pedrada na cabeça

    Nos almoços de Verão tudo pode acontecer. Homens feitos, depois de agradarem um dos  seus mais primários instintos: cozinhar a carne na grelha;  e de se dedicarem a matar a vasta sede com cerveja a vinho gelado, transformam-se em crianças  e soltam a infantilidade que há em si sem pudores nem complexos. Os disparates saem céleres e as gargalhadas povoam o ar. E, no meio da loucura, dá-lhes para uma guerra de pedras de gelo…
  Eu, de barriguinha cheia e preparada para escrever uma crónica, estava a perguntar-lhes se queriam que escrevesse sobre algum tema em particular ( as respostas foram tão tontas que nem as vou referir…) quando, sem saber o que me estava a acontecer, levo com uma pedra de gelo em cheio na testa!
  Começo a escrever enquanto vou esfregando a testa com outra pedra de gelo ( esta, de aterragem mais suave!) na esperança de que  o galo não me cante à meia noite. As crianças grandes sossegam um pouco. A guerra de gelo é voluntariamente suspensa, embora os disparates e gargalhadas prossigam.
     E, enquanto o meu galo se vai desenvolvendo com vida própria, penso na quantidade de pessoas a quem faria bem uma pedradazita ( amorosa, suave, firme ) na cabeça… Não se alarmem… a pedrada é apenas uma alegoria às “pedradas” com que a vida, volta e meia, nos acerta em cheio… As mesmas “pedradas” que, embora doam e nos façam inchar o sítio onde acertaram, nos fazem ver mais claramente as coisas; nos fazem evoluir e despertar; nos fazem procurar novos caminhos e encontrar soluções para situações aparentemente sem resolução.
    Uma coisa é certa… esperei apenas meio minuto por um tema para esta crónica. E este, embora me tenha ficado a doer um pouco, só serviu para me provar que, venha de onde vier, a inspiração há-de chegar sempre até mim… nem que seja à pedrada!!
Ana Dias

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