(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

27.9.11

E que filme vamos ver?

Há poucos dias, num estranho momento de absoluto sossego, estirei-me no sofá preferido com a casa toda só para mim. Acendi a tv e comecei o habitual zapping pelos canais de cinema. Estava calma, tranquila e relaxada; pronta para uma ou duas horas de um simples prazer. Num dos canais estava um senhor a ser torturado e a soltar gritos lancinantes. Mudei. Noutro canal estava uma mulher a correr por um corredor escuro,  fugindo em pânico de algum mal que não esperei para identificar: mudei. As imagens do canal seguinte consistiam numa cena de pancadaria e armas a serem disparadas com a mesma velocidade com que eu agora bato estas teclas. Mudei. E mudei para quê? Apenas para ter a possibilidade de ver um homem deitado num sofá branco…. todo coberto de sangue devido ao facalhão que lhe estava cravado nos costados!!
   Como medida de segurança, e enquanto me refazia do stress em que fiquei, mudei para os canais infantis. Podem rir-se se quiserem, mas sei que disse em voz alta um palavrão cabeludo!! 
  Alguém me pode explicar como é possível ver tanto horror ficcional? Há realmente público para aquela (desculpem!!) bosta???  Será que a vida real não é já suficientemente povoada de desgraças e violência suficientes?  Mas, mais incrível ainda, é haver realizadores, directores, etc, etc, que se dêm ao trabalho de explorar até tão graves limites, a violência, o terror e a ausência total de valor da vida humana…
  Já não sei que programa vi depois deste fatídico zapping. Na realidade nem me recordo se fiquei a ver tv ou fui fazer outra coisa, o certo  foi que ainda demorei um bom bocado a reabilitar a paz de espírito que tinha ao instalar-me no sofá!  Não quero a minha vida povoada desses factos, sentimentos, vibrações… por isso recuso-me a ser vilipendiada por tais programas na minha própria casa!   Escolho um bom jazz ou um bom livro ( para eu ler ou por mim escrito!) ; escolho passatempos enriquecedores, as galhofas com as crias… escolho as crónicas, os amigos reais e também os virtuais; escolho programas a sós ou com boas companhias, mas recuso más “energias” de programas que (já) não estão na frequência em que eu habito!
  Ana Dias

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