(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

18.6.14

Torpedo

Torpedo

- Bom dia, Torpedo!
Eu mal tinha ainda aberto os olhos e encontrei logo forma de contestar.
- "Torpedo"? Mas os torpedos explodem ao chegar ao alvo!
- Pronto, tu não explodes com nada mas fica tudo em sentido à tua passagem.
Acho que o meu marido tem uma panca qualquer em comparar-me a arsenal bélico. Ora sou uma "bomba", um "torpedo" ou até um "tanque de guerra com asas brancas". Ele lá sabe pois atura-me há tempo suficiente para ter a autoridade de me chamar o que muito bem lhe apetecer.
O certo é que fiquei a pensar no meu impacto explosivo. Oriento com margem de liberdade, mas passo-me quando o nível de exigência, por parte de quem integra a equipa que chefio, não é compatível com o meu. Fico "basística" quando as minhas ordens não são cumpridas à risca e mais ainda quando uma ou outra repreensão deixa nos outros um amuo convicto. Se calhar sou assim devido ao meu grau de exigência comigo, e por ter a consciência de que "combato" bem em qualquer posição. No fundo apenas preconizo a excelência. Tudo o que seja infimamente inferior à excelência não me interessa.
Talvez ele tenha razão e eu seja mesmo um torpedo que explode ao embater nos alvos. Resta-me apenas continuar a trabalhar-me para que as explosões sejam cada vez mais meigas e capazes de provocar nos outros o mesmo nível de brio profissional que tanto almejo para mim.

Ana Amorim Dias

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