Teorias de conspiração
Ganhámos o primeiro. Vencemos o segundo. Cilindrámo-los no terceiro. Envergonhámo-los no quarto. No quinto jogo foram a zeros. No sexto desesperaram. E ao sétimo... bem, ao sétimo ganhámos de novo e decidimos parar de jogar para não os traumatizar mais.
- Troca comigo. - diziam um ao outro, para ajeitarem as posições.
- Este jogo está viciado! Quem está desse lado ganha sempre!- reclamaram. E nós aceitámos ir para o outro lado só para os calar.
- Marta!! Isso é botota!! Estás a ganhar por causa desse decote!
- Então não olhem, palermas!! - e ria-se enquanto fazia mais uma finta infalível.
Eles bem tentaram arranjar justificações para a abada. Inventaram teorias de conspiração, desencantaram desculpas. O certo é que os machos continuam a ter sérias dificuldades em lidar com as vitórias das fêmeas, sobretudo quando a superioridade é tão gritante que preferimos nem fazer disso grande alarido para não ferir mortalmente os ensanguentados egos.
Gosto de homens que ganham. E gosto de homens que perdem. Basta que joguem a sério e sem rodeios nem batotas. Gosto de homens que apertam a nossa mão no fim e piscam o olho enquanto dizem "bom jogo", da mesma maneira que aprecio muito aqueles que, como ontem, cheios de bom humor, acabam por se rir imenso da grande tareia levada.
Eu e a Marta não ganhámos devido a decotes pronunciados nem por jogar no melhor lado do campo. Ganhámos porque temos anos e anos de treino. Porque estavamos focadas e sempre fizemos uma excelente e cúmplice equipa. Mas confesso que há algo que talvez tenha influenciado ligeiramente a redundante vitória: percebi-o ao olhar para a desfocada fotografia que um dos adversários nos tirou...
Ana Amorim Dias
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