(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

18.6.14

Não temos que ser vítimas

Não temos que ser vítimas

- Ainda bem que não vivemos no "Velho Oeste"...
- Porquê? - perguntou ele ao sentir a minha irritação para com um troglodita alcoolizado que me estava a torrar a paciência.
- Porque a esta hora já estava a mandar trabalho ao cangalheiro.

Tenho o estranho hábito de perguntar: "Eras capaz de matar?" Faço-o esporádica e aleatoriamente a quem não conheço bem, não para tirar ilações sobre o seu íntimo e sim para aferir até que ponto a pessoa é coerente com a sua natureza. Talvez, sem dar por isso, me tenha tornado numa investigadora compulsiva da natureza humana, mas tal só acontece por acreditar que quanto melhor nos conhecemos, enquanto indivíduo e espécie, mais hipóteses temos de evoluir.
A minha questão tem tido respostas mais ou menos rebuscadas, mas nunca ninguém assumiu tal incapacidade. O instinto de sobrevivência, a par com o da defesa da prol e território, são fatores mais do que suficientes para, em caso de absoluta necessidade, sermos todos tendencialmente capazes de matar. Creio que quem diga o contrário é porque nunca se viu ou imaginou numa situação limite. Podemos e devemos ser pacifistas inveterados e defender, como convém, o valor supremo da vida. É por isso que, a ser possível, a resolução pacifista deve ser sempre preconizada. É por isso, também, que considero a fuga como um ato de bravura sem precedentes. Mas, e quando isso não é possível? E quando a neutralização do agente agressor com o mínimo dano para ele não é algo que possamos controlar?
É claro que isto não é coisa que se escreva em público, mas fá-lo-ei porque me parece de crucial importância: assumo que em caso extremo de sobrevivência minha, ou dos meus, não hesitaria em matar. É que não piscava os olhos sequer. E porque me parece importante referi-lo aqui? Porque se as mentalidades mudassem e cada pessoa de bem entendesse que não tem por que ser uma vítima, os crimes violentos diminuiriam drasticamente.

Ana Amorim Dias

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