(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

18.6.14

Queres ver que sou motard

Queres ver que sou motard e não sabia?

Depois de mais de quinze dias ausente, voltei a ter uma aula de mota. A próxima será só daqui a mais quinze. O exame já foi solicitado mas dizem que a data costuma ser marcada para dois meses mais tarde. Não me importo. Não tenho pressa nenhuma...

Meti a primeira e arranquei. Desliguei o pisca. Segunda. Terceira. Segunda outra vez para fazer a rotunda. E saí da vila. Umas aceleradelazitas. Modestas, claro, mas ainda assim capazes de fazer com que o casaco, mal apertado, se abrisse. O vento fresco da manhã abraçou-me o peito. E eu abracei o prazer tranquilo daquele momento. Porque a mota já vai fazendo o que eu quero, como eu quero e quando eu quero. Gosto disso. É bom sentir o controle de tudo. Dá segurança. Mas é impossível sentirmo-nos sempre no controle de tudo. A sensação de controlar é a mais falsa premissa de todo o nosso entendimento; a mais perniciosa falácia em que podemos cair. A dura realidade é que controlamos muito pouco. Só que, paradoxalmente, o factual pouco controle que temos sobre a vida é também o que lhe confere um redobrado encanto: nunca pensei gostar assim tanto de conduzir uma mota; da mistura da adrenalina com a tranquilidade; da noção de liberdade e alheamento a tudo o resto; da sensação de se pertencer a uma espécie distinta de seres humanos... Se calhar sempre fui motard e não sabia!
Sim, é isso mesmo. Deve ser por isso que não tenho pressa nenhuma para acabar de tirar a carta: não são os documentos que ditam aquilo que somos.

Ana Amorim Dias

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