(...) e a confiança cega
que tenho na minha verdade
não a detém quem me nega
as asas da liberdade ...

Ana Amorim Dias

18.6.14

La mirada oscura

La mirada oscura

Depois de, há uns dias, ter ido à biblioteca de Huelva falar sobre o meu trabalho, recebi um mail do António (o amigo que me convidou), a narrar que um dos participantes me tinha escrito um poema:

"Ella tiene una mirada
oscura
la voz que suelta
en esta memoria de montes
recrudece tiempos hechos
altavoces con sordinas
cantos borrachos de amaneceres

En las temporadas de nubes
Huesuda de manos
construye emociones abisales
para los que estamos detrás de los ojos
ciegos pendurados
en las orillas de los estantes vacíos…
en las revistas ajadas…
con las pupilas inquietas

Ella tiene una mirada
oscura
dos pétalos de noche
en este (a)mar encallado"

Qual musa agradecida, apressei-me a enviar ao simpático chileno um mail no qual expliquei que era a primeira vez que alguém me dedicava um poema.

Respondeu assim: "Ya ves, las palabras nos salen a borbotones… algunas veces estas indómitas resuelven por sí solas, cuando el estímulo las enloquece. Me encanta que te encante… pues es creación tuya… solo que salió de mis manos."

O que não contei ao Daniel, no mail que lhe enviei, foi sobre o sentimento doce que nos fica a marinar na alma ao percebermos que deixamos poéticas marcas nos outros. O que não lhe disse foi que, por mais que os outros nos façam nascer, a borbotones, lindas palavras, elas são nossas e para partilhar com o mundo.
Sei que tenho uma mirada oscura porque os meus olhos são negros, mas o certo é que só as miradas mais claras e repletas da luz do encanto pela humanidade inteira, podem fazer de nós musas capazes de despertar poesia em ilustres desconhecidos.

Obrigada Daniel.

Ana Amorim Dias / Daniel Alejandro Barrón Guerra

Sem comentários:

Enviar um comentário